JACK, O ESTRIPADOR: UM MISTÉRIO SECULAR
Olá leitores! Iniciando um conjunto de 10 (dez) publicações sobre o assunto BIOQUÍMICA NA MEDICINA FORENSE, o blog "A BIOQUÍMICA NA LUTA CONTRA O CRIME", como postagem de abertura, contará hoje sobre a já famosa história de "Jack, o Estripador" e, posteriormente, fará algumas análises bioquímicas, como será de costume. Boa Leitura!
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Sugestão feita por Naylson Oliveira, estudante de Medicina da 84ª turma de Medicina da UFPI
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Jack, o Estripador: Nome atribuído ao autor de alguns dos crimes mais misteriosos da História |
Nenhuma história de serial Killers chama tanto a atenção quanto a de Jack, o Estripador. Recentemente, cientistas informaram ter resolvido esse mistério secular por meio de testes de DNA, uma tecnologia que não estava disponível, tampouco desenvolvida na época. Entretanto, muitas correntes de ideias afirmam que a resposta encontrada não seria a certa pelos métodos e pensamentos utilizados para tal fim. Estria um dos maiores mistérios da humanidade enfim resolvido, ou este é apenas mais um capítulo dessa novela que não parece mais ter fim?
O CONTEXTO
AS VÍTIMAS
Mary Ann Nichols (Sexta, 31 de agosto de 1888)
Annie Chapman (Sábado, 8 de setembro de 1888)
Elizabeth Stride (Domingo, 30 de setembro de 1888)
Catharine Eddowes (Domingo, 30 de setembro de 1888, 45 minutos depois)
Mary Jane Kelly (Sexta, 9 de novembro de 1888)
Annie Chapman (Sábado, 8 de setembro de 1888)
Elizabeth Stride (Domingo, 30 de setembro de 1888)
Catharine Eddowes (Domingo, 30 de setembro de 1888, 45 minutos depois)
Mary Jane Kelly (Sexta, 9 de novembro de 1888)
Leia agora sobre cada provável vítima de Jack, o Estripador:
- Mary Ann Nichols: Nascida em 1851, mãe de 5 filhos, teve um casamento abreviado para 6 anos por causa de seu alcoolismo e sua relação conturbada com seu marido. De comportamento bastante violento, começa a se prostituir. Às 3h40 do dia 31 de agosto de 1888, foi encontrada morta com sua garganta cortada de orelha à orelha. Não havia marcas sobre as roupas e os objetos pessoais se limitavam a um pente, um espelho quebrado e um lenço.
- Annie Chapman: Às 6h00 da manhã de 8 de setembro de 1888, o morador de uma pensão de Whitechapel encontra o corpo de Annie Chapman com sua cabeça praticamente separada. No local a polícia encontra provas insignificantes. Às 14h00 do mesmo dia, prossegue o interrogatório das testemunhas. Uma mulher diz ter visto Annie Chapman às 5h30 com um homem. Ela afirma ter escutado o desconhecido perguntar: "... e então, está de acordo?" e Annie responder-lhe afirmativamente. O homem era moreno, parecia estrangeiro, e apresentava possuir uns 40 anos. Amelia Farner, amiga e Annie Chapman, conta que, pouco tempo antes de ser morta, ela havia brigado com outra prostituta.
- Elizabeth Stride: Seu corpo foi encontrado no Domingo, 30 de setembro de 1888, em um pátio escuro de Whitechapel. Os estudiosos afirmaram que o assassinato provavelmente foi interrompido, pois a vítima não apresentava mutilações em seu abdome. Também prostituta, era sueca, nascida em 1843.
- Catherine Eddowes: Também foi assassinada no dia 30 de setembro de 1888, dia que ficou conhecido como evento duplo, visto que foram cometidos dois assassinatos separados por instantes. Essa vítima esteve nas mãos da polícia instantes antes de ser morta, pois foi conduzida bêbada por um policial. Catherine havia sido liberada próximo da meia-noite, e nesse intervalo, a vítima Elizabeth Strider havia sido identificada.
- Mary Jane Kelly: Esse é. de longe, o assassinato mais brutal, pois os cortes no pescoço não passavam de meros detalhes. Foi encontrada no dia 9 de novembro de 1888 na cama de um quarto de uma estalagem. A cabeça estava praticamente decepada, o rosto irreconhecível e só se mantiveram intactos os olhos.
AS INVESTIGAÇÕES
As investigações se encontravam em um contexto bastante complicado, uma vez que as técnicas de medicina forense não estavam bem desenvolvidas, Havia bastante falta de material, quando comparado com as condições atuais, e a mídia sensacionalista, com o crescimento exponencial da circulação de tabloides, frequentemente publicava informações falsas ou declarações que dificultavam as investigações.
Outro detalhe é que os assassinatos ocorreram em territórios de duas forças policiais diferentes, a "City of London Police" e a "Metropolitan Police", o que sugeriu que o assassino tivesse organizado isso para dificultar as investigações.
Quadro de alguns dos suspeitos de serem o serial killer "Jack, o Estripador" |
Lista de suspeitos "genuínos" indicada pela Metropolitan Police:
- Kosminski, um pobre polonês de origem judaica que residia em Whitechapel;
- Montague John Druitt, 31, advogado e professor que cometeu suicídio em dezembro de 1888;
- Michael Ostrog, ladrão russo dotado de diversos pseudônimos e preso e detido em asilos em várias ocasiões;
- Dr. Francis J. Tumblety, 56 anos, tido como um curandeiro americano que foi preso em novembro de 1888 por indecência e fugiu do país após pagar fiança altíssima.
AS CARTAS
Um ponto alto das investigações são as cartas enviadas para a polícia londrina. Muitas delas eram falsas, mas algumas eram levadas a sério. Algumas eram bastante convencedoras, pois abordavam informações que eram restritas aos policiais e investigadores. Sem dúvida, uma das mais impactantes é a que se encontra abaixo, cujo título é "From hell" (Do inferno).
O DESFECHO
Alguns estudiosos afirmam que Jack sofreria de alguma doença sexualmente transmissível. como sífilis (que provavelmente contraiu de uma prostituta), o que lhe fez desenvolver um ódio das "mulheres da vida". Jack nunca foi pego, o que torna a história cada vez mais misteriosa e curiosa, e o que fez perdurar por mais de um século.
MAIS DE UM SÉCULO DEPOIS...
... a tecnologia havia evoluído bastante, e o ponto chave para isso é o aperfeiçoamento do exame de DNA. Estudiosos e aficionados pelo assunto confirmam o nome de Aaron Kosminski, que oficialmente trabalhava como cabeleireiro, mas que estava desempregado fazia uns anos. A comprovação veio a partir da análise de um xale de uma vítima do assassino, a prostituta Catherine Eddowes. O autor da pesquisa encontrou uma macha de sangue no tecido e combinou essa amostra com uma análise de DNA de descendentes de Eddowes. O xale tinha conexão com Kosminski, pois havia sido confeccionado no leste europeu, local de sua origem.
A descoberta de manchas de sêmen também foi um fator importante. Após rastrear um descendente da família de Kosminski, ficou comprovado com 100% de certeza de que a amostra era de Kosminski, de acordo com o autor. O suspeito havia sido interrogado pela polícia na época, pois seu comportamento havia levantado suspeitas, mas, sem provas, a polícia não pôde fazer nada contra ele. O estado de saúde dele se deteriorou e ele foi internado em instituições para pessoas com distúrbios mentais. Acredita-se que ele morreu aproximadamente aos 53 anos
E A BIOQUÍMICA?
Segmentos de DNA obtidos a partir da técnica de "DNA Eletroforese" |
Usaremos o caso de Jack, o Estripador para tratar um pouco da técnica do estudo de DNA conhecida como "DNA eletroforese". O DNA é a molécula que carrega a informação genética que é passada através das gerações, em formato de dupla hélice, composto basicamente de nucleotídeos que se combinam entre si através de ligações fosfodiéster (no caso entre dois nucleotídeos vizinhos na mesma hélice) ou através de pontes de hidrogênio no caso de nucleotídeos em hélices diferentes (sempre a ligção Adenina - Timina, por meio de duas pontes de hidrogênio, e Citosina - Guanina, por meio de três). Cada nucleotídeo contém basicamente uma base nitrogenada (Adenina, Timina, Guanina e Citosina) e um açúcar (pentose) fosfatado.
A identificação humana por DNA tem sido usada como prova de perícia judicial de investigação de paternidade, maternidade e identificação em certos crimes e homicídios. O DNA pode ser isolado de sangue ou sêmen desidratado, ossos, bulbo capilar, saliva, células da pele, esfregaço anal, vaginal e bucal, tecidos derivados de biópsias ou cirurgias, tecidos mumificados, congelados, ou de líquido amniótico. Além disso, é possível coletar DNA de pontas de cigarro, tampa de caneta mordida, chiclete, pentes, selos, e envelopes entre outros.
A partir da década de 1970, ficou mais fácil de analisar a molécula de DNA através do uso das enzimas (ou endonucleases) de restrição. São enzimas que identificam sequências específicas do DNA e as "cortam", catalizando e destruindo a ligação fosfodiéster. Uma das primeiras enzimas de restrição a ser isolada foi a EcoRI, produzida pela bactéria Escherichia coli.Essa enzima reconhece apenas a sequência GAATTC e atua sempre entre o G e o primeiro A. O local de corte é conhecido como sítio alvo.
Ponto de ação da endonuclease de restrição EcoRI |
Os fragmentos de DNA formados com a ação das enzimas de restrição possuem tamanhos diferentes. A técnica de separação dos fragmentos de DNA mais utilizada é a eletroforese através de géis de agarose. A agarose é um polissacarídeo (como ágar e pectina) que dissolve em água fervente e então gelifica quando esfria como a gelatina. Para realizar uma eletroforese, um gel de agarose é preparado, o DNA é introduzido em pequenos poços de gel, e então uma corrente elétrica é aplicada através do gel. Como o DNA é negativamente carregado, ele é atraído pelo eletrodo positivo. Entretanto, para chegar ao eletrodo positivo, o DNA deve migrar através do gel de agarose.
Eletroforese do DNA |
Depois da corrida eletroforética, os fragmentos de DNA obtidos são comparados com o material genético do possível pai (em caso de testes de paternidade) ou do criminosos (em caso de crimes como estupro, homicídio, etc...), ou de algum de seus descendentes para que as devidas conclusões sejam tiradas. No caso de Jack, o Estripador, serviu para que sua verdadeira identidade fosse descoberta, ainda que mais de um século depois.
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Esse foi o fim da primeira postagem sobre o tema "Bioquímica na Medicina Forense". Próxima semana, outra postagem para enriquecer mais nossas informações sobre o tema. Até lá!
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Fontes:
http://revistagalileu.globo.com/blogs/olhar-cetico/noticia/2014/09/identidade-de-jack-o-estripador-realmente-foi-descoberta.html
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_fantasma_de_jack_o_estripador.html
http://noticias.terra.com.br/educacao/infograficos/jack-o-estripador/
http://oaprendizverde.com.br/2011/03/25/serial-killers-jack-o-estripador/
http://www.seuhistory.com/noticias/apos-mais-de-um-seculo-identidade-de-jack-o-estripador-e-finalmente-revelada
http://www.conexaojornalismo.com.br/todas-as-noticias/paraiba-vai-criar-banco-de-dados-sobre-estupradores-no-estado-0-12787
http://www.odnavaiaescola.com.br/modulo8.pdf
http://www.conexaojornalismo.com.br/todas-as-noticias/paraiba-vai-criar-banco-de-dados-sobre-estupradores-no-estado-0-12787
http://www.odnavaiaescola.com.br/modulo8.pdf
As técnicas de bioquímicas forense têm realmente ajudado muito na resolução de casos de grande repercussão e que a procura pelo culpado é importante para a elucidação do caso. De grande importância, como já citado na postagem, é a técnica eletroforética. Ela usa o paradigma de separar moléculas de pesos moleculares diferentes atrás de um campo elétrico ao qual a amostra é submetida. Isso é muito importante para identificar a constituição da amostra e compará-la, possivelmente com outras amostras pré-existentes de outros indivíduos. Daí entende-se a importância dessa técnica também nos testes de paternidade. O procedimento é assim resumido: a amostra contendo as macromoléculas já desnaturadas(por prévio aquecimento) é distribuída nos poços ou cavidades do gel de suporte. Após a distribuição o equipamento é fechado e o campo elétrico é aplicado no gel e as macromoléculas vão sendo distribuídas pela extensão do gel, terminando por ser separadas em função de sua massa e tamanho molecular que são os principais fatores que determinam a mobilidade eletroforética.
ResponderExcluirCrimes bárbaros infelizmente acontecem todos os dias. Muitos se impressionam, tanto no cinema como na vida real, quando vêem o sangue da vítima. Há quem até desmaie. Cenas de crimes realizados com faca, arma de fogo e outras são muito trau-matizantes. Mas o perito, por mais estranho que possa parecer, está acostumado com isto, e um de seus objetivos na análise da cena do crime é achar evidência de sangue. As técnicas de investigação com recursos científicos remontam ao século I, quando o romano Quintiliano descobriu que um homem assassinou a própria mãe depois de ana-lisar vestígios de sangue nas mãos do culpado. De lá para cá os avanços no conheci-mento científico deram suporte às investigações das mais diversas evidências.
ResponderExcluirAs técnicas de replicação do DNA são de extrema importância para a medicina forense. Através da replicação de sítios específicos da molécula de DNA e da técnica de eletroforese podemos conseguir exames de resultados muito precisos acerca da identificação de agressores, cadáveres e etc. Adicionando ao texto, a técnica utilizada para replicar tais sítios específicos é a PCR, Polymerase Chain Reaction, que traduzindo significa Reação em Cadeia da Polimerase. Essa técnica foi apresentada em 1984 por Kary Mullis e consiste no uso da enzima DNA polimerase para se obter uma amplificação do DNA original.
ResponderExcluirReferências:
Biologia Molecular do Gene / James D. Watson ... [et al.]. ; tradução Luciane Passaglia, Rivo Fischer. - 5. ed. - Porto Alegre : Artmed, 2006.
O avanço da ciência e da tecnologia no campo da biologia molecular foi uma das maiores aquisições da humanidade nos últimos tempos. Analisando pela perspectiva daquela época parece algo ''mágico'' acreditar que é possível identificar qualquer indivíduo no mundo através de um estudo de seu material genético. Entretanto isso só é possível porque a sequência gênica de cada pessoa é única e individual. A medicina forense é apenas uma das diversas aplicações das técnicas de análise de DNA, porém, sem dúvidas é uma das mais importantes. É importante saber que a electroforese em gel de gradiente desnaturante (DGGE) é um método de separação electroforético baseado em diferenças no comportamento de desnaturação de fragmentos de DNA de cadeia dupla. Além desse método existe também o RFLP (Restriction Fragment Length Polymorfism) que é uma técnica em que os organismos podem ser diferenciados pela análise de padrões derivados da clivagem do seu DNA. Se dois organismos diferirem na distância entre os sítios de clivagem de uma endonuclease de restrição, o comprimento dos fragmentos produzidos vai diferir quando o DNA for digerido com uma enzima de restrição. Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAjM4AB/tecnicas-analise-dna
ResponderExcluirComo pôde ser percebido durante o desenvolvimento da postagem, as descobertas no campo bioquímico e biomolecular representaram um grande avanço científico para diversas áreas, tal como a forense. Vale lembrar que a técnica da eletroforese, citada no texto, representa uma forma de serparação de substâncias ao suspendê-las em um eletrólito e utilizar uma corrente elétrica ou diferencial de potencial para que haja mogração das células ionizadas. Tal técnica é constantemente utilizada no estudo de proteínas por ser uma análise qualitativa. Um fato que também impressiona nessa técnica de estudo forense através do DNA é a capacidade das enzimas de restição, diante da enorme quantidade de DNA encontrado, conseguir separar exatamente uma parte de DNA específica, fator no qual sem ele seriam impossíveis os estudos de comparação de DNA.
ResponderExcluirA postagem retrata a real evolução dos campos investigativos, que sempre fizeram parte das indagações e sagacidade humanas. Uma gama nova de técnicas foi criada e continuam sendo aperfeiçoadas diariamente, tendo base, principalmente os princípios da biologia molecular e sa biotecnologia. Nunca imaginou-se o quanto o estudo de moléculas de DNA e do metabolismo do material genético teria tanta utilização como atualmente. É importante, contudo, salientar, que, além do ramo técnico, a medicina forense deve vir acompanhada de um bom conhecimento jurídico e antropológico, afim de fornecer bases de ética e respeito em uma atividade que pode ser considerada invasiva e desrespeitosa em certas ocasiões.
ResponderExcluirO caso de Jack, o estripador evidencia o quanto a bioquímica pode interferir no resultado de uma investigação policial. Houvesse a tecnologia de DNA eletroforese na época, quiçá o suspeito tivesse sido preso. Antes do surgimento dessa técnica, boa parte da ciência forense se baseava em análises de cabelo, bem menos precisas e mais passíveis ao erro do que a análise de DNA.
ResponderExcluirFonte: https://screen.yahoo.com/dna-changed-world-forensics-102812888.html