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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

10a postagem: BIBLIOTECA GENÔMICA E DE cDNA; ANÁLISE FINAL

Algo de grande importância na medicina forense é saber a constituição genética de um indivíduo. Ao prosseguir das postagens, abordamos vários métodos de obtenção do material genético, bem como sua extração. Estudamos também técnicas de análise desse material, através de métodos como a eletroforese e a impressão digital de DNA. Além disso, quando o material é escasso, pode-se utilizar o método da reação em cadeia da polimerase para amplificação desse material sem a necessidade de organismos vivos (ou seja, uma técnica in vitro), para que as possibilidades de trabalho se elevem. Concomitante a isso, abordamos vários eventos que ocorreram no Brasil e no restante do mundo que envolvia, direta ou indiretamente, a medicina forense, como o caso de Jack, o Estripador, Isabella Nardoni, Eduardo Campos, etc... Aproveitamos o espaço também para falar de temas que estão menos em destaque, como as condições, fatores e características associadas à profissão de um médico legista, e da Psiquiatria Forense, uma área da medicina forense bastante importante, mas que muitas vezes não tem seu valor e sua importância reconhecidos. Com a 10a postagem, que abordará o tema de bibliotecas genômicas e de cDNA, encerramos esse ciclo de importantes informações, que são vitais para o entendimento dessa grande especialidade médica, que tem provado seu lugar dentro da sociedade moderna. Boa Leitura!
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BIBLIOTECA GENÔMICA
As biblioteca são coleções de sequências de DNA usadas para armazenar informações. As bibliotecas genômicas representam a totalidade do genoma de um determinado organismo. Além de um uso em medicina forense, as bibliotecas também podem ser utilizadas para:
isolamento de um gene específico;
• sequenciamento;
• clonagem;
• identificação de genes em diferentes especies;
• análise de proteínas relacionadas;

Uma biblioteca genômica deve conter várias cópias/clones representativos de cada fragmento de DNA para aumentar a probabilidade de se conseguir isolar genes de cópia única, ou seja, a maior parte dos genes codificantes de proteínas. A utilização de uma biblioteca é o modo mais eficiente para se conseguir isolar uma determinada porção de DNA. A separação da porção do DNA genômico que contem toda a unidade de transcrição com as regiões limitadoras onde estão localizados os elementos controladores da expressão desse gene, permite-nos obter informações acerca da estrutura molecular de um determinado gene de eucariotas. 

O ponto ao qual se dá mais relevo na construção de uma biblioteca genômica é a obtenção aleatória de um elevado número de clones contendo fragmentos do genoma. Para garantir que um dado fragmento de interesse esteja entre os fragmentos clonados, é necessário estimar o tamanho necessário da biblioteca através do tamanho do fragmento clonado e do tamanho do genoma. 

A construção de uma biblioteca genômica envolve basicamente os seguintes passos:
--> Isolamento de DNA de alto peso molecular, que posteriormente é quebrado de modo a produzir fragmentos de tamanho compatível com o vector.
--> Ligação desses fragmentos ao vector e introdução dos recombinantes obtidos nas células hospedeiras.
Método simplificado de obtenção de uma biblioteca genômica
BIBLIOTECA DE cDNA
Ao contrário de uma biblioteca genômica, que contém em princípio qualquer fragmento de DNA do organismo doador, a biblioteca de cDNA contém apenas os genes expressos pelas células empregadas na extração de mRNA, e ainda assim apenas aqueles expressos imediatamente antes do processamento das células no laboratório. Isto implica dizer que uma biblioteca feita com células da mucosa gástrica terá muitos genes diferentes de uma outra biblioteca feita a partir da mucosa oral. Mas também terá muitos outros iguais, pois há genes que são expressos em diferentes tecidos e mesmo outros expressos em qualquer tecido.
O cDNA é uma cópia da mensagem, não possuindo assim intrões e apresentando poucas sequências que não codificam proteínas. Esta ausência de intrões permite a direta transcrição e tradução dos cDNA de células eucarióticas superiores, em bactérias e outros micro-organismos, o que permite a produção em massa de polipeptídeos importantes. A inexistência de intrões facilita igualmente a determinação direta da sequência da mensagem codificada e dedução subsequente da sequência de aminoácidos da proteína por ela codificada, o que se tem demonstrado extremamente útil na identificação de inúmeras proteínas que ainda não o tinham sido genética ou bioquimicamente.
Esquema mostrando bem simplificadamente como se processa a
obtenção de uma biblioteca de cDNA
Esquema um pouco mais completo que mostra a ação de um primer que
se liga à cauda poli-A de um RNA mensageiro depois das modificações
pós-transcricionais. Observe a ação da enzima transcriptase reversa na
obtenção de uma molécula de DNA a partir de um mRNA
Método de identificação de moléculas de cDNA de interesse

Observe agora um esquema que mostra as diferenças principais entre uma biblioteca genômica e uma biblioteca de cDNA:
Esse esquema mostra as diferenças entre os processos e os
resultados em bibliotecas genômicas e de cDNA

MOMENTO BÔNUS
Uma das principais funções na construção de bibliotecas genômicas e de cDNA é a possibilidade de se identificar o "perfil genético" de um indivíduo, o que facilita na busca de suspeitos e no julgamento em casos de crimes. Faz-se comparações do material obtido com os materiais dos possíveis suspeitos e, dar-se posteriormente, o veredicto final.
Esse modelo de manipulação do material genético é acompanhado de várias outras formas, como o caso de uma "impressão digital de DNA" (tema da postagem anterior). Uma impressão digital de DNA ocorre através de vários processos, que envolvem a fragmentação de DNA por endonucleases de restrição, uso de gel de agarose, eletroforese e chapa de Raio X.
Para verificar como ocorrem esses processos, entre no endereço abaixo e descubra quem foi o suspeito identificado do crime fictício em questão! 

http://www.pbs.org/wgbh/nova/education/body/create-dna-fingerprint.html

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Aqui termina mais um ciclo de postagens. Espero que os leitores tenham aprendido bastante com o tema e que saibam usar as informações obtidas aqui para os devidos fins. Esse foi o principal objetivo desse trabalho. Esse foi o "Bioquímica na luta contra o crime"! Até mais!
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Fontes:
http://users.med.up.pt/med05009/bcm/bibliocdna.htm
http://slideplayer.com.br/slide/370893/
http://bmg.fc.ul.pt/Disciplinas/Eng%20Genetica/aulas/Clonagem%20molecular.pdf
https://www.ufpe.br/biolmol/aula5_clonagem1.htm
http://www.pbs.org/wgbh/nova/education/body/create-dna-fingerprint.html
https://www.ufpe.br/biolmol/aula6_clonagem2.htm
http://www.biologia.ufrj.br/~coelho/cursos/genbasmol/genonze.htm

terça-feira, 25 de novembro de 2014

9ª postagem: DNA FINGERPRINT E "IDENTIDADE MOLECULAR"

Com a necessidade de se desenvolverem as técnicas de identificação, que são utilizadas em medicina forense para casos como, identificação de suspeitos e testes de paternidade, foram estudadas e incrementadas formas de se observar diferenças entre os DNAs dos indivíduos em uma técnica conhecida como "DNA fingerprint".

DNA fingerprint e a "identidade molecular"

“DNA Fingerprints” têm sido utilizados para descrever o padrão molecular de um genótipo. Eles podem ser obtidos a partir de vários tipos de marcadores moleculares. Resumidamente estes marcadores moleculares podem ser classificados em dois grupos, a depender da metodologia utilizada para identificá-los: 
DNA fingerprint e os Testes de Paternidade
DNA fingerprint e identificação de suspeitos

1) hibridização de DNA (método RFLP: Polimorfismo de comprimento de fragmentos de restrição);
2) amplificação de DNA (RAPD: DNA polimórfico amplificado aleatoriamente). 

Para cada tipo de marcador de DNA existem vantagens e limitações.

O método por hibridização do DNA, RFLP, vai utilizar dos diferentes padrões nas sequências dos nucleotídeos do DNA. As enzimas de restrição vão reconhecer sequências específicas, que em DNAs diferentes podem estar em posições diferentes, e vão cortá-las, gerando fragmentos de DNA com pesos moleculares diferentes. Esses fragmentos são diferenciados através de uma eletroforese.

A dificuldade desse método está  no fato de que, como muitas sequências se repetem bastante no DNA, o uso dessa técnica provocará um número enorme de fragmentos, impedindo a distinção por visualização depois da eletroforese.

Para reduzir essa dificuldade, é usada uma prova de identificação. Os protocolos determinam que se usem 7 alelos de baixa ocorrência dentro de uma população (mas esse número pode variar. O FBI, por exemplo, usa 13 alelos). O uso de sondas para reconhecimento desses alelos e posterior sensibilização de filme radiográfico vai permitir uma distinção mais clara dos fragmentos de DNA obtidos.
Método RFLP de identificação da Impressão Digital de DNA
Já o método por amplificação do DNA, RAPD, utiliza o método da Reação em Cadeia da Polimerase. Primers pequenos são desenhados e colocados para hibridizar o DNA aleatoriamente. Se forem usados 7 pares de primers, serão necessárias 7 reações. Posteriormente à PCR, os produtos terão tamanhos diferenciados, que são distinguidos na eletroforese.

A facilidade, rapidez, versatilidade e sensibilidade da PCR, a torna particularmente poderosa para estudos genético-moleculares envolvendo grande número de indivíduos de qualquer organismo vivo. Muitos métodos tradicionais de clonagem, sequenciamento e análise de polimorfismo de DNA foram acelerados ou substituídos pelo uso das inúmeras derivações da técnica de PCR.

A técnica de PCR utilizando iniciadores de sequência arbitrária abriu uma perspectiva inteiramente nova para a análise genômica de indivíduos e populações. Além de facilitar e acelerar os estudos que já ocorriam com as espécies mais tradicionais, a tecnologia RAPD trouxe uma verdadeira “democratização” da análise de polimorfismo molecular, ao permitir a realização de estudos de análise genética em espécies anteriormente não contempladas.

PCR e a técnica RAPD

O uso da técnica RAPD não requer experiência aprofundada em biologia molecular e nem tampouco instalações sofisticadas de laboratório. É uma tecnologia bastante accessível, que pode ser transferida diretamente para estações experimentais de melhoramento, para laboratórios avançados de pesquisa a ser utilizada cotidianamente pelo geneticista.

A principal limitação dos marcadores RAPD é o baixo conteúdo de informação genética por loco. Apenas um alelo é detectado: o segmento que é amplificado, enquanto que as demais variações alélicas são classificadas conjuntamente com um alelo nulo. 
Padrão obtido depois de uma corrida eletroforética

Fontes: Aula de "Impressão Digital de DNA" do professor Fernando Aécio
http://uenf.br/pos-graduacao/gmp/files/2012/01/Tese-MS-Carolina-M-Palacios-de-Souza.pdf

terça-feira, 18 de novembro de 2014

8a POSTAGEM
PSIQUIATRIA FORENSE: TÃO DESCONHECIDA QUANTO NECESSÁRIA

Um dos campos de atuação da prática forense e que pouco possui destaque é a da Psiquiatria Forense. Esse é o tema da postagem dessa semana.


A psiquiatria forense é o campo específico de identificação, discussão e condução de questões situadas na interface entre saúde mental e Lei. A psiquiatria forense ainda não é uma especialidade psiquiátrica reconhecida em muitos países. Por outro lado, estudos têm creditado uma boa reputação a essa especialidade, por revelarem bom êxito e competência medidos por meio da taxa de recorrência de comportamento criminal.

Provavelmente, os cuidados com a saúde mental são os mais dependentes e mais afetados pela lei em todo o campo da medicina, o que reforça a necessidade de uma maior integração entre as abordagens psiquiátrica e legal de um determinado comportamento humano ou de uma determinada condição mental.


Esse ramo da medicina forense se desenvolveu bastante, e ainda está se desenvolvendo porque vem sendo investigada a relação entre transtorno psiquiátrico e comportamento violento de forma cada vez mais criteriosa além de, nas últimas décadas, têm se desenvolvido novos instrumentos de avaliação de risco de violência.

Essas abordagens a pouco comentadas são muito importantes para o bem coletivo, justificando assim seu crescimento. Em um significativo número de casos, ações ou omissões de pessoas portadoras de transtorno mental podem afetar outras a ponto de comprometer sua saúde e segurança. Essa preocupação justificou a adoção, por parte de legisladores, de medidas que permitem a autoridades limitar a autonomia de pessoas com transtornos mentais as quais podem representar perigo à saúde e à segurança de outrem. Como exemplo, tem-se a internação compulsória, por determinação judicial, realizada mesmo contra a vontade do paciente.

Em relação ao paciente, a preocupação é centrada em sua vulnerabilidade em lidar com a sociedade nas tomadas de decisão, bem como no risco de adotar um comportamento que possa afetar sua saúde, sua segurança e a regência de seus bens. Em consequência disso, surgiram medidas legais para proteção dessas pessoas com transtornos mentais, retirando delas uma parte de seu poder de decisão, que é transferido a outra pessoa, gerando assim um processo de interdição judicial. Devido à seriedade, importância e repercussões dessa interdição, impõe-se ao médico a obrigação ética de se certificar de que ele está de fato baseando sua conclusão em evidências clínicas consistentes e o mais acuradas possível.

Enfim, cabe destacar aqui que uma comparação entre os modos de ação da Psiquiatria Forense em outros países deve ser feita de uma forma cautelosa e analista. Dessa forma, para se fazer uma abordagem da psiquiatria forense em âmbito internacional, é fundamental um exame de diferentes legislações que regem o funcionamento de diversas culturas, visto que isso é um fator determinante para a caracterização de algumas práticas nos países.

Fontes: 
http://www.psiquiatriaforense.com.br/
http://www.conjur.com.br/2012-jul-26/psiquiatria-forense-ajuda-justica-decidir-ainda-subaproveitada

terça-feira, 11 de novembro de 2014

7a POSTAGEM: EXTRAÇÃO DE DNA

Continuando o conteúdo das postagens anteriores, hoje daremos prosseguimento ao tema "extração de DNA" com novas informações. De início, é válido afirmar que não são poucos os casos em que a disponibilidade de material genético para análises forenses é bastante escassa, podendo ser fios de cabelo, gotas de esperma, resquícios de saliva, restos celulares em dentes arrancados ou sob unhas, sangue, ossos e tecidos de cadáveres decompostos; escarro, suco pancreático, bile e outros fluidos corpóreos que possam ser congelados e guardados, ou encontrados em diferentes situações.

Desvendar o que está escondido no DNA é informação
imprescindível para a medicina forense.

Tendo em vista essa situação, é de grande importância pesquisar métodos alternativos de extração de DNA que possam ser rápidos, práticos, baratos, livres de contaminação e de toxicidade e eficazes no que tange à quantidade, qualidade e possibilidade de amplificação por PCR, do DNA extraído. Isso pode possibilitar a aplicação da pesquisa em outros estudos, como diagnósticos retrospectivos, identificação de indivíduos, estudos populacionais, envios de amostras à distância e aplicações na Medicina Forense.
PCR - Reação em Cadeia da Polimerase - é um método importante
e frequentemente usado após a extração do DNA
Na última postagem abordamos um pouco sobre uma técnica de extração de moléculas de DNA a partir da mucosa bucal. Entretanto, a utilização das células obtidas através de esfregaço bucal para a obtenção de DNA tem sido criticada por alguns autores pela variação no rendimento e qualidade do DNA obtido.

Pesquisadores relatam a importância da obtenção de DNA por métodos não invasivos, mesmo que em pequenas quantidades, principalmente em recém-nascidos. O grupo utilizou um protocolo específico para a obtenção de DNA diretamente da amostra biológica sem a necessidade de manipulação amplificando o genoma global e gerando uma grande quantidade de DNA a partir de poucas células em comparação ao método convencional de extração e purificação.

Um ponto importante faz referência à extração de DNA por amostras de sangue. No entanto, em muitos laboratórios, amostras de sangue coletadas para sorologia não utilizam anticoagulante e são descartadas, por serem inviáveis para os estudos genéticos, uma vez que a extração de DNA genômico destas amostras é dispendiosa e os resultados não são satisfatórios.

Extração de DNA de uma amostra de sangue é um
 método sujeito à vários fatores externos
Com isso, uma técnica rápida e eficiente de extração de DNA de sangue coagulado se faz necessária, uma vez que materiais biológicos que podem ser utilizados para muitos estudos genéticos são descartados rotineiramente. Além disso, esta metodologia pode representar mais uma opção para a extração de DNA de amostras cujo anticoagulante foi ineficaz.

A qualidade de um produto está diretamente relacionada com a qualidade dos processos a que é submetido. A compreensão dos fatores que estão envolvidos direta ou indiretamente no processo de extração de macromoléculas é fundamental para o resultado final do processo. A concepção de fatores, como tipo de fixador, utilização (ou não) de descalcificadores e tipo de tecido, é um dos aspectos que vai influenciar a extração. Essa compreensão é importante na definição de qual método de extração será utilizado.

Assim, um estudo prévio de todo o sistema, desde o tipo de tecido até a escolha do método de extração e purificação, trará informações de possíveis fatores adversos que podem vir a influenciar na qualidade das macromoléculas. Caberá ao pesquisador interpretar e tentar solucionar ou minimizar o problema.

Fontes:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-84842004000400001&script=sci_arttext
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0037-86822009000600008&script=sci_arttext
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-09352004000100017&script=sci_arttext
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-84842004000400008&script=sci_arttext
http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v47n5/v47n5a08.pdf

terça-feira, 4 de novembro de 2014

6ª postagem: Técnicas de extração e purificação de DNA

Nas últimas postagens falamos um pouco sobre casos famosos que tiveram relação com as práticas forenses, tanto no Brasil como no restante do mundo. Falamos também sobre o trabalho de um médico legista, os campos de atuação e o que se deve fazer para se tornar um.

Hoje falaremos sobre mais uma técnica para extração de DNA, e que ajuda bastante no trabalho da medicina forense.
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As técnicas de otimização da extração de DNA para a utilização na reação da polimerização em cadeia (PCR) têm permitido a investigação de diferentes amostras biológicas mesmo quando o DNA está presente em pequenas quantidades. Vários campos da ciência são beneficiados com esse aperfeiçoamento, como a medicina forense, as investigações criminais, exclusão de paternidade, a busca de marcadores tumorais ou agentes infecciosos, e o transplante de medula identificando a pega do enxerto. Pontas de cigarro, saliva, esfregaço bucal, soro, bulbos capilares, entre outros, podem fornecer informações importantes desde que analisados de forma adequada.

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O método abordado na postagem de hoje é o uso do esfregaço bucal. Boa Leitura!

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Um dos métodos de extração de DNA mais utilizados pela medicina forense é a extração de DNA de leucócitos periféricos. Também é útil para extração de DNA de recém-nascidos, crianças e de pacientes que vivem em locais onde a coleta e o envio da amostra de sangue não é factível. A coleta das células ocorre a partir de um swab oral. Esse método é um dos vários não invasivos que existem para obtenção de material genético.

Swab Oral: Material utilizado para extração de DNA de
leucócitos periféricos na técnica abordada


Swab sendo utilizado em uma tonsila palatina
(aglomerado de tecido linfoide na cavidade oral)
Após o colhimento das células, passa-se para o processo de extração e purificação de DNA. As células vegetais são mais difíceis de serem lisadas por causa da existência de uma parede celular envolvendo a célula. Na célula animal, é mais fácil utilizando apenas detergente. 

A diferença na estrutura do envoltório celular em células animais e vegetais é fator de diferenciação de métodos de lise celular. O detergente é utilizado nas células animais porque as interações moleculares entre essa molécula e as moléculas dos fosfolipídeos de membrana da bicamada lipídica permite a "destruição" da membrana plasmática e a posterior  obtenção do material genético.
A estrutura molecular do detergente, com porção hidrofílica e
porção hidrofóbica permite eficiência na lise de célula animal
Após a obtenção do lisado contendo proteína, ácidos nucleicos (DNA/RNA) e lipídios, existe a necessidade de separar os ácidos nucleicos das outras moléculas. Está descrito na literatura variado número de diferentes métodos de recuperação e purificação de ácidos nucleicos. A técnica com fenol-clorofórmio é a metodologia mais comumente utilizada. Essa metodologia apresenta-se, com frequência, como método de purificação de alta eficiência para extração de DNA proveniente de materiais emblocados em parafina. O princípio dessa separação é a diferença de solubilidade de ácidos nucleicos, proteínas e lipídios nesses solventes orgânicos, de forma que, após a realização dessa separação, se obtém uma fase aquosa, em que se encontra o ácido nucleico. O fenol-clorofórmio utilizado após o rompimento da membrana celular auxilia na desnaturação das proteínas, que são removidas pelas subsequentes centrifugações e lavagens.

Extrair e purificar material genômico humano é um processo meticuloso e trabalhoso, com os resultados nem sempre satisfatórios, principalmente, quando se trabalha com amostras antigas, com mais de cinco anos. Após isso, os fragmentos de DNA obtidos são amplificados através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), para posterior análise.

Mais informações sobre Reação em Cadeia da Polimerase em: 
http://bioquimicaforense.blogspot.com.br/2014/10/eduardo-campos-morte-que-pegou-de.html


Fontes:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302005000600019&lang=pt
http://www.labome.com.br/method/DNA-Extraction-and-Purification.html
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0037-86822009000600008&script=sci_arttext
http://seer.ucg.br/index.php/estudos/article/viewFile/565/450
http://revistas.pucgoias.edu.br/index.php/estudos/article/viewFile/565/450
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842004000400001&lang=pt

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Olá caros leitores. Até o presente momento, 4 postagens foram feitas mostrando-se alguns casos brasileiros e internacionais os quais a medicina legal teve vital importância no acompanhamento e solução dos problemas. Muitas pessoas imaginam que a imagem atrelada a um médico legista é a de algo totalmente fora da vida rotineira, ficando reservado apenas aos grandes casos e grandes séries e filmes do tema no mundo do entretenimento.
Todavia, um médico legista possui um campo de trabalho muito mais amplo. Essas e outras informações você verá na postagem a seguir. Boa Leitura!


MÉDICO LEGISTA:
A medicina legista é um ramo profissional da medicina que é responsável, principalmente, por examinar e fazer laudos de pessoas que morreram por algum crime. Através das mais variadas pistas, o profissional tenta conciliar os contextos, informações e teorias na construção de laudos que possam auxiliar a polícia a desvendar os casos.
É necessário ser graduado em medicina, fazer especialização na área. O exercício da profissão depende de concursos públicos. O salário inicial é de R$ 2.250,00 a R$ 2.500,00, mas após isso o salário pode chegar a valores bem maiores.
Atuação do Médico Legista

Pra ser Médico Legista não há escapatória: Tem que
fazer concurso público

OS CAMPOS DE ATUAÇÃO DE UM MÉDICO LEGISTA

  • Antropologia forense - estudo da identidade e identificação, como a datiloscopia, papiloscopia, irologia, exame de DNA, etc.
  • Traumatologia forense - estudo das lesões e suas causas.
  • Asfixiologia forense - analisa as formas de asfixias, sejam acidentais ou criminosas, homicídios e autocídio (suicídio).
  • Sexologia forense - trata da Erotologia, Himenologia e Obstetrícia forense, analisando a sexualidade em sob três aspectos: normalidade, patológico e criminológico.
  • Tanatologia - estudo da morte e do morto.
  • Toxicologia - estudo das substâncias cáusticas, venenosas e tóxicas, seus efeitos.
  • Psicologia e Psiquiatria forenses - estudo da vontade e das doenças mentais. Pode-se assim a vontade, as capacidades civil e penal.
  • Polícia científica - atua na investigação criminal.
  • Criminologia - estudo da gênese e desenvolvimento do crime.
  • Vitimologia - estudo da participação da vítima nos crimes.
  • Infortunística - estudo das circunstâncias que afetam o trabalho, como seus acidentes, doenças profissionais, etc.

Então,  observe que, apesar de o médico legista ainda estar relacionado com o trabalho intrínseco nas questões criminais, seu campo de atuação é bem mais amplo. Então, poque será que essa imagem ainda persiste tanto? Será que vale a pena seguir essa carreira em detrimento das outras especialidades médicas? 

Apesar de ser uma área que, sem dúvida, chama bastante a atenção de interessados ou não interessado, é válido afirmar que a medicina legal tem estado em uma situação um pouco defasada em alguns locais do Brasil, como pode-se observar na manchete a seguir.


A reportagem completa você encontra nas referências no final da postagem

Essa situação é restrita ou mais comum pelo Brasil? É uma especialidade valorizada? Porque ela deve receber tanta valorização quanto às outras?

Fontes: 
http://www.colegioweb.com.br/carreira/medico-legista.html
http://www.brasilprofissoes.com.br/profissoes/academicas/saude/medico-legista#.VFF5_yLF9dw
http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/02/medicos-legistas-protestam-por-melhores-salarios-no-es.html
http://not1.xpg.uol.com.br/medico-legista-profissao-de-arrepiar-como-funciona-informacoes/
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-se-tornar-um-medico-legista

terça-feira, 21 de outubro de 2014

IMPRESSÕES DIGITAIS: A RESPOSTA ESTÁ NOS DEDOS

ATENTADO DE OKLAHOMA
Cidade de Oklahoma nos Estados Unidos
O personagem de hoje será o autor de um dos maiores ataques terroristas nos Estados Unidos: o Atentado de Oklahoma, que fica atrás somente dos ataques terroristas do 11 de setembro de 2001.

Um caminhão-bomba de mais de duas toneladas estava estacionado à frente do Prédio Federal Alfred P. Murrah, na manhã do dia 19 de abril de 1995. Aproximadamente às 9h00 da manhã, uma bomba de 2300 quilogramas que estava dentro do caminhão explodiu, deixando uma cratera de 9 metros de largura e 2,5 metros de profundidade no local, além de destruir parte da construção. Com o ocorrido, houve 168 mortes, incluindo 19 crianças.
A bomba era composta de nitrato amônico misturado com combustível, e nitrometano, um combustível altamente volátil; a esta mistura é conhecida como ANFO (por suas siglas em inglês: amonium nitrate, fuel oil). A sociedade norte-americana ficou em estado de choque durante muito tempo, e ainda guarda marcas desse ocorrido.

Prédio Federal Alfred P. Murrah antes do atentado
Prédio Federal Alfred P. Murrah depois do atentado

O RESPONSÁVEL

Timothy James McVeigh foi o responsável pelo episódio do Atentado de Oklahoma. Foi um ex-soldado estadunidense e viveu até o dia 11 de junho de 2001, quando lhe foi à pena capital.
Timothy James McVeigh

70 minutos após a explosão, McVeigh foi abordado por um guarda por estar dirigindo um carro sem placa e foi preso por não possuir porte de arma. Dois dias depois desse delito, McVeigh foi reconhecido e acusado de ser o suspeito do atentado. Depois de alguns anos conturbados, o julgamento final finalmente ocorreu e Timothy James McVeigh foi condenado à pena de morte. Sua última refeição foi um litro de sorvete de menta com gotas de chocolate. Timothy McVeigh recebeu uma injeção intravenosa no braço direito, na qual foram injetados três substâncias químicas: uma para o desmaio, outra para o bloqueio da respiração e a terceiro para a parada cardíaca. Tal processo levou 14 minutos para ser completado. O seu corpo foi cremado e as cinzas espalhadas num local desconhecido.

Esquema mostrando o sentido das ondas de explosão que devastaram o prédio

O QUE AJUDOU NAS INVESTIGAÇÕES

Em meio a muitos depoimentos, acusações e discussões, duas evidências físicas ajudaram a justiça dos Estados Unidos a resolver de vez o crime: Uma impressão digital em um recipiente encontrado em sua casa contendo Nitrato de Amônia (a mesma substância utilizada na confecção da bomba) e outra impressão digital na caminhonete que explodiu próximo ao prédio, ambas de McVeigh.

As impressões digitais são usadas para identificação, mas possuem como função principal tornar a superfície dos dedos propícia, com atrito suficiente,  para que possamos pegar objetos com as mãos sem que esses escorreguem. O código genético contido no DNA fornece informações gerais sobre a maneira em que a pele deve ser criada no feto em desenvolvimento. A posição exata do feto no útero em um determinado momento e a densidade e a composição do líquido amniótico ao redor dele determinam como os sulcos em cada indivíduo irão se formar. Isso já é o bastante para afirmar que é praticamente impossível dois seres humanos possuírem as mesmas digitais.

As impressões digitais são aspectos importantes em casos como o do Atentado de Oklahoma. Atualmente é até banal a ideia, uma vez que as menores crianças percebem as saliências em seus dedos, e logo depois percebem que são sinais únicos e que nenhuma outra pessoa possui igual. Entretanto, na época em que foram vistas como reais fatores de diferenciação entre seres humanos, isso sem dúvida revolucionou a ciência forense.


Os profissionais em datiloscopia são chamados de papiloscopistas, os quais têm a responsabilidade de realizar os trabalhos de pesquisa nos arquivos datiloscópicos e comparar com as impressões digitais em questão. É uma tarefa que exige muita calma e paciência, experiência e, sobre tudo, que o desenho da impressão digital seja o melhor possível. Existem diversas técnicas para coleta de fragmentos papilares no local do crime.

As maneiras de detecção de impressões digitais são importantíssimas para o desenvolvimento das técnicas forenses e trazem suportes mais firmes para aquilo às quais são destinadas.


Fontes:
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/impressao-digital-assinatura-crime-434121.shtml
http://pt.wikipedia.org/wiki/Timothy_McVeigh
http://discoverybrasil.uol.com.br/horazero/series2/atentado_oklahoma/index.shtml?cc=US
http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/fundamentos/duvida-genetica-467296.shtml
http://blitzdigital.com.br/index.php/tec-menu/687-meio-de-prova-impressoes-digitais
http://discoverybrasil.uol.com.br/experiencia/contenidos/impressoes_digitais/
http://www.quimica.net/emiliano/artigos/2006dez_forense1.pdf
http://tecnologia.hsw.uol.com.br/leitores-de-impressoes-digitais1.htm